Reportagem do JC Online

Encontrei esse texto em uma das minhas pesquisas pela internet e apesar de ser um pouco antigo(98) e eu não concordar com algumas coisas citadas, mesmo assim merece ser colocado aqui, pois é muito difícil encontrar qualquer informação sobre o Ilizarov em português, ao contrário do que vejo em inglês, existem milhares de sites, sobre todos os tipos de coisas relacionados ao lizzie, incluindo muitos blogs e sites pessoais, o que eu ainda não achei aqui no Brasil. Aliás, minto, achei a Aninha, o que considerei um milagre, pois ela mora aqui do lado, em São Vicente...
Bom, lá vai:

Método de Ilizarov foi criado na antiga União Soviética há 40 anos
por JOMERI PONTES

Pessoas que perderam tecido ósseo das pernas ou braços devido a fraturas e infecções provocadas por acidentes, ou mesmo aquelas com acentuados problemas congênitos (extremamente zambetas, cangalhas ou com um membro mais curto que o outro) podem voltar a ter seus membros funcionando normalmente. Isso já é possível, hoje, devido ao emprego de uma técnica revolucionária ainda pouco difundida no Brasil - o Método Ilizarov -, que permite a retomada do crescimento do osso até o seu tamanho natural.
A técnica consiste na colocação - na perna ou braço do paciente - de um aparelho mecânico formado por três ou quatro anéis, fios e pinos de aço, através do qual o osso vai sendo manipulado, aos poucos, de forma a ter alterado o seu processo biológico. O resultado é que ele termina estendendo-se ou corrigindo sua postura, conforme o caso.
Os médicos Otávio Borba e Guilherme Cerqueira, que trouxeram o Método Ilizarov para Pernambuco, citam uma série de vantagens no seu emprego em detrimento das técnicas clássicas para tratamento de deformidades ósseas. A sua aplicação não dói, a manipulação pode ser feita da forma que o médico quiser, o alongamento do osso pode chegar a 10cm na primeira intervenção e mais 10cm na segunda. Além disso, há a recuperação do osso perdido, com o osso néo-formado mantendo a mesma resistência e evitando, assim, a amputação do membro.
"Com três dias de operado, o paciente já leva uma vida perto do normal", explica o médico Otávio Borba, acentuando que dias após já é possível ao usuário caminhar, nadar, mergulhar, correr e até jogar bola. "O período de recuperação varia de caso para caso, mas pode ser reduzido bastante, caindo para até 75 dias, porque o anel metálico pode puxar cada uma das extremidades do osso, agilizando, assim, o seu crescimento", explica.
Além dessas, há ainda outras vantagens como a possibilidade de se corrigir a postura do membro, bastando para isso apenas que se mexa nas hastes; usar anestesia local, se o paciente não tiver indicação clínica para anestesia geral; e tomar banho de mar já no oitavo dia após a operação. E mais: não é preciso cortar a pele do paciente, havendo baixa agressão cirúrgica e pouco sangramento.

ACIDENTADOS - Vítimas de tiros, de acidentes de carro e atropelamentos, mas, sobretudo motoqueiros têm sido os principais usuários do método, que no Recife já chegam a mil pessoas. "Muitas vezes um motoqueiro perde quase toda a tíbia num acidente ou deixa lá no chão uns 15cm do osso. Há cerca de 10 anos, a solução seria amputar a perna, mas hoje, mesmo se houver infecção, aplicamos o Método Ilizarov", explica Otávio Borba. "Com a transportação do osso a 1mm por dia, há tempo suficiente para a reconstituição perfeita dos novos vasos e da circulação", observa ele.
Antes da existência do método, os acidentados tinham grande probabilidade de perder a perna devido a uma pseudo-artrose, que é uma fratura onde o osso não se consolida, ficando mole. "A saída era, então, recorrer às cirurgias clássicas, à colocação de uma prótese ou, em último caso, à amputação. Hoje, contudo, a realidade é outra, mesmo nos casos onde os ossos ficam totalmente esfacelados ou têm infecção em altíssimo nível", frisa Borba.

ANÕES - Os médicos alertam, contudo, que o uso do Método Ilizarov é indicado apenas para corrigir deformidades e tratamento de fraturas. "Já apareceram anões e pessoas baixinhas em geral querendo aumentar de estatura aqui", contam, exemplificando entre os vários casos, o de uma moça que se dizia insatisfeita por ter 1m60 de altura e que queria ficar com 1m70. "Isso até seria possível do ponto de vista científico, mas não é essa a finalidade da técnica".
Fonte: JCOnline-17/05/98

Cangalha: pernas arqueadas
Zambeta: pernas tortas
(Dicionário Aurélio)

Comentários pessoais:
Se vc mora em Santos, não recomendo de modo algum entrar no mar com uma gaiola, sob sério risco de infecção...se vc for de Pernambuco, estado de origem da reportagem, evite entrar no mar em área de risco de ataques de tubarão - usando ou não gaiola - sob o risco de vir a necessitar realmente de um ilizarov (se vc tiver sorte!).....
Em relação aos prazos de recuperação citados na reportagem, acho que são extremamente positivos, e não retratam a realidade da maioria dos usuários do lizzie, que usam o aparelho por muitos meses e em muitos casos, anos.
Quanto às atividades físicas, correr e jogar bola são para pessoas muito sortudas mesmo. Eu ficarei exultante o dia que for liberada pra por o pé no chão....e já se vão 10 meses de lizzie....

That´s all, folks

Soundtrack: estou ouvindo "The Darkness".....coisas da Muvuca....