21 de jun. de 2005

Dois anos fora da Matrix

Image hosted by Photobucket.comHoje faz 2 anos que sofri o acidente. Estou fazendo um esforço enorme para não escrever nenhuma frase que contenha e se....ou mas por que?; mas todos os meus pensamentos até agora começaram assim......acho que não tenho como escapar de falar mais alguns clichês por aqui.
Posso dizer que compreendo agora o significado da frase "só o tempo pode curar as coisas", tanto no sentido literal quanto no filosófico da coisa. Eu sei o quanto o tempo demora a passar quando se está em desvantagem, quando a dor é imensa, quando parece que nada mais vai ter sentido na sua vida. Eu não acreditava, mas parece que esses sentimentos aliviam sim com o passar do tempo.
Sinto uma tristeza imensa qdo lembro que logo após o acidente, eu cheguei a pensar que tudo tinha acabado, que não haveria mais espaço para alegria, eu simplesmente não conseguia nem ao menos sorrir. Era tanto coisa ruim que eu via no hospital nos 4 meses em que fiquei internada, que acho que envelheci uns 10 anos, na marra. Minha sorte é que minha família sempre esteve ao meu lado, não deixando que eu entrasse em depressão. Minha mãe tem um papel fundamental na minha recuperação, sinceramente não sei de onde ela tira forças pra ela e pra mim, mas se não fosse por ela, eu acho que não conseguiria encarar tudo tão na boa como tenho conseguido.

Ainda não consegui me perdoar por ter subido na moto e isso foi absolutamente voluntário, então essa culpa acho que vou ter para sempre, - mesmo que eu não goste de expressões como para sempre e nunca - e ainda me pego fazendo as famigeradas perguntas "por que, meu Deus", principalmente nas intermináveis noites insones, que ainda são muitas, ou qdo tudo dói, sem motivo aparente nenhum, ou mesmo qdo preciso ficar horas e horas na Sta Casa, nos corredores do SUS, com todas as delícias que isso significa.
Também não acho que serei algum dia capaz de falar coisas do tipo: "ah, que bom que sofri esse acidente, sou uma pessoa melhor", como já ouvi muita gente dizer. Eu odeio tudo isso que aconteceu, e claro que preferia estar numa boa, como antes.
Certamente muita coisa mudou, meus valores mudaram, e uma série de outras coisas, e isso foi a parte boa(alguma coisa tinha que ser) mas continuo dizendo, se algum dia eu falar que sou grata ao acidente, camisa de força em mim!!!!

Mas acima de tudo, sou muito grata a Deus (sim, acredito Nele) por estar viva, por terem inventado o ilizarov, por ter colocado os médicos certos no meu caminho, pelo tratamento estar dando certo. E por ter a família certa, que não podia ser melhor pra mim do que tem sido. Obrigada, meu Deus!!!


P.S. - Você não é os erros que você comete e sim todas as suas novas possibilidades.
Tenho usado essa frase como mantra toda vez que algum fantasma ameaça me assombrar e meu superego quer entrar em ação, quase sempre funciona.

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